Por que é importante assumir uma posição?


Christiano P. da Silva Neto
 
 

Darwin pretendia apenas explicar a origem das espécies, a partir de vida preexistente. Sobre a origem da vida, ele afirmou em seu livro A Origem das Espécies acreditar que os primeiros germes de vida haviam sido colocados por Deus na Terra. Essa afirmação, entretanto, foi suprimida a partir da segunda edição, talvez como indicação de que ele já começava a sucumbir à influência do ateísmo e do materialismo presentes em sua teoria.

O fato é que a teoria de Darwin, nascida no berço da Biologia, era muito abrangente para manter-se restrita a esse campo e, assim, acabou por transcender esses limites, disseminando-se por todos os campos do conhecimento. Por isso, não foi difícil imaginar que a religião bem poderia ser mera invenção humana e que o homem sim é que havia criado o Criador quando, ao emergir de sua forma ancestral, percebeu que estava só no universo e sentiu um misto de medo e solidão. Foi assim que a Lingüística recebeu sua dose de evolução, ao conceber que a linguagem foi adquirida aos poucos, passando por urros e grunhidos. Isto ilustra porque nosso posicionamento frente a praticamente todos os temas da atualidade se define a partir de nossa ótica em relação as origens.

Quando examinamos, por exemplo, a possibilidade de vida em outros pontos do universo, nossa conclusão depende dessa questão básica. Se somos criacionistas, entendemos que o conhecimento pode ser obtido de duas formas: pela nossa livre investigação e pela revelação. Como nesse caso não dispomos de resposta positiva por qualquer desses meios, somos forçados a concluir que não temos, pelo menos no momento, elementos para esse julgamento, ainda que nossa tendência seja manter um ponto de vista positivo ou negativo, obviamente não baseado em evidências significativas.

Se, porém. somos evolucionistas, entendemos que a vida na Terra é o resultado de condições ambientais aqui existentes e que podem ter se repetido em outros sistemas planetários. O evolucionista, então, vê-se forçado a acreditar que, em muitas das estrelas que povoam incontáveis galáxias, exatamente como aqui, a vida tenha surgido ao sabor do acaso, gerando formas talvez diferentes, à semelhança do que retratam nossos artistas de ficção cientifica.

É a isto que nos referimos quando afirmamos que nossa ótica em relação às origens determina o modo como vemos a realidade à nossa volta. Se somos criacionistas, entendemos que somos obra das mãos do Criador, o que certamente Ihe confere o direito de propriedade sobre cada um de nós. Ninguém esta mais plenamente habilitado a nos dizer o que é melhor para nós e quais são os valores que devemos cultivar, o modo como devemos proceder em nossa jornada pela vida.

Se, porém, somos evolucionistas, somos também filhos do acaso. Nada há por trás do universo, a não ser leis naturais. Nesse caso, não existem também valores absolutos e, leis para a sociedade, nós as admitiremos conforme nossas conveniências. Exatamente por isso, vivemos em uma sociedade em que pessoas defendem as leis em público mas, por trás dos bastidores, essas mesmas pessoas as violam se em determinados momentos isso Ihes parecer conveniente. Muitas vezes, as mesmas empresas que perante o público defendem valores ecológicos são as que agridem o meio ambiente de forma avassaladora. Os países que mais estão preocupados com a devastação ecológica são os que mais poluem o planeta.

Por isso é importante assumir uma posição frente a esta controvérsia. Por isso é preciso lutar para que nossos jovens tenham o direito de aprender, também em sala de aula, que o Criador existe. Não há qualquer impedimento legal para que isso venha a se tornar uma realidade. Não podemos, pelo menos por enquanto, pretender que as escolas deixem de ensinar a teoria da evolução, porque isso faz parte do currículo mínimo obrigatório vigente no país. Além do mínimo, porém, qualquer escola está livre para acrescentar novas disciplinas julgadas convenientes.

Tem sido uma constante expectativa no meio evolucionista os avanços da ciência na arte de sintetizar compostos de natureza orgânica. "Um dia a vida será recriada pelo homem" - argumentam os adeptos da evolução - "e isto será a evidência final a favor de nossa teoria". Basta, entretanto, um pouco de reflexão para se perceber que isto não seria nem mesmo uma evidência a favor da evolução, quanto mais a definitiva. Mesmo que consigamos recriar a vida em laboratório - o que está bem longe de se tornar uma realidade - ainda assim restará provar que esse fruto de milhares de cérebros privilegiados e equipamentos os mais sofisticados ocorreu, em um passado remoto, inteiramente ao sabor do acaso e sem o apoio de nenhuma tecnologia.


O Prof. Christiano P. da Silva Neto é professor universitário, pós-graduado em ciências pela University of London, estando hoje em tempo integral a serviço da ABPC - Associação Brasileira de Pesquisa da Criação, da qual é presidente e fundador. Autor de cinco livros sobre as origens, entre os quais destacam-se Datando a Terra e Origens - A verdade Objetiva dos Fatos, o Prof. Christiano tem estado proferindo palestras por todo o país, a convite de igrejas, escolas e universidades.